Após meses de atrasos e especulação, a inspecção mais tardia de sempre acabou por dar luz verde ao circuito de Yeongam. O mais jovem membro da família de circuitos da Fórmula 1 acabou por conseguir ficar pronto a tempo.
Isso foi uma boa notícia para a Ferrari e a McLaren, cujos pilotos (à excepção de Massa) tentam desesperadamente recuperar a desvantagem no campeonato. Restando apenas três corridas, o cancelamento do GP da Coreia e consequente abreviamento do campeonato teria sido um duro golpe para as suas aspirações.
Sebastian Vettel e Mark Webber, respectivamente primeiro e segundo na grelha de partida para amanhã, têm boas razões para se sentirem preocupados. Os seus Red Bull podem ser devastadoramente rápidos, mas a sua performance em corrida raramente foi tão boa quanto em qualificação. Com a Ferrari e a McLaren a fechar o fosso na corrida de desenvolvimento e a vantagem dos RB6 reduzida a centésimos (quando já chegou a roçar 1 segundo), os pilotos da equipa azul têm uma difícil tarefa pela frente amanhã.
O primeiro sector de Yeongam, composto essencialmente por três rectas e três ganchos, é perfeito para os McLaren (4º e 7º) e Mercedes (5º e 9º). Inversamente, a Red Bull sente especiais dificuldades em longas rectas. É possível que vejamos interessantes “drag races” amanhã durante o início da primeira volta.
Além das diferenças entre os carros, também o circuito oferece variedade na sua superfície. Apesar de o asfalto parecer estar a aguentar bem, a pista ainda está tremendamente empoeirada fora da trajectória de corrida. Isto são más notícias para os carros que vão largar do lado esquerdo: Mark Webber (2º), Lewis Hamilton (4º), Felipe Massa (6º), etc. Com tanta poeira no asfalto, vão certamente ter problemas de tracção durante a largada e correm o sério risco de perder posições.
Esta é talvez a única boa notícia para Jenson Button, campeão em título, cuja defesa do campeonato parece cada vez mais improvável. Tendo-se qualificado atrás de todos os seus rivais directos, começa contudo do lado limpo da pista. Jenson tem feito umas partidas excelentes ultimamente, podendo talvez incomodar Nico Rosberg e o seu companheiro de equipa Lewis Hamilton.
A Ferrari, “entalada” entre os McLaren e os Red Bull, protagoniza uma recuperação impressionante. Ninguém diria no início do Verão que os carros vermelhos chegariam a este ponto da época tão competitivos. Alonso parece ter voltado aos seus bons velhos tempos, com Massa um pouco atrás como de costume (não não muito). O único senão é mesmo a situação com os motores. Alonso já utilizou os oito a que tem direito esta época, pelo que as unidades que for utilizar daqui para a frente já se encontram mais cansadas que as dos seus rivais. Se puxar o motor ao máximo durante demasiado tempo, arrisca-se a não terminar uma das corridas que restam.
Atrás dos líderes, a Mercedes parece ter finalmente encontrado um circuito que a favorece. A Renault prometia mais durante os treinos livres, mas Robert Kubica acabou por não conseguir ir além de oitavo quando realmente contava. A Williams continua a fechar os dez primeiros – ou a não andar longe. A Sauber parece ter estabilizado atrás da Williams, e depois temos a Toro Rosso e a Force India, ambas abaixo do patamar que ocupavam na época passada.
No final da grelha, nada de novo. Temos um Lotus à frente de um Virgin, e a fechar o pelotão seguem os HRT de Sakun Yamamoto e Bruno Senna. Diga-se que, quase finda esta época, Bruno pouco fez para honrar o nome do tio. Agora que as glórias dos anos 80 e 90 regressam às pistas através da geração mais nova, todos queríamos que o nome de Senna circulasse bem lá à frente… mas não tenho a certeza se Bruno será capaz.
Com todas estas diferenças entre os carros da frente, a garra de vencer o campeonato sentida por cinco dos sete primeiros pilotos na grelha, o estado da pista fora da trajectória e o facto de ser um circuito novo para todos os pilotos, todos os ingredientes parecem reunidos para uma corrida inesquecível. Ou, pelo menos, uma primeira volta clássica.