Foto Original por martijn vreugde.
Vamos lá esclarecer uma coisa: Isso de dizer que o racional não se mistura com o emocional ou vice-versa é uma treta. Ponto final, parágrafo…
Porque é que não podemos ter sensações fortes a conduzir um carro que nos dá “pica” (atenção que me refiro a adrenalina e não ao que estás a pensar neste momento) e ao mesmo tempo ser perfeitamente uma escolha razoável ao te-lo comprado? Parece que é uma coisa relativa à religião. Se te dá prazer é porque deve ser pecado. Tens que sofrer para seres digno de entrar no Reino dos Céus! Oh, é tudo patacoada.
Nesta crónica, quero deixar bem claro que podes ter casos amorosos com o teu bólide (ui, isto não saiu nada bem) e ainda teres um passe para os Portões de S. Pedro. A sério! Como? Bem, vou-te dar alguns bons exemplos:
Volvo S60 – Já viste o anúncio que está a passar na televisão por estes dias? Confuso? Sim, até os publicitários ficaram, daí que inventaram essa série de imagens e remataram com a dúvida sobre o que seria este carro. Do género, é um Volvo? É. Mas será mesmo um Volvo? Nem por isso. Mas dá um gozo tremendo conduzir esta máquina? Com certeza.
Ninguém duvida que a Volvo prima pelo síndroma da Segurança. Qualquer dos seus carros tem que passar por um filtro que faria a alfândega dos Estados Unidos corar de vergonha. No entanto, nesta última década devemos convir que eles melhoraram e muito o estilo, design e condução dos seus carros até chegarem a ser apetecíveis.
Se dissesses há uns anos que te apetecia ter um Volvo, metiam-te num curso intensivo com o Pedro Lamy e a Fátima Lopes para te darem umas dicas sobre condução e estilo, mas hoje em dia até eles devem ter um destes ícones de design escandinavo. Mas isso implica que não têm aquele nervosinho que sobe a espinha quando pressionas o pedal direito? Segundo parece, este S60 veio tirar definitivamente a marca sueca do estigma do carro do papá de família. Continua a ser um carro super seguro, mas nem por isso desprovido de alma. O “bicho” parece que quer sair daquele capô de linhas arrojadas e isso é de louvar. Parece que está sempre a pedir, vamos dar uma voltinha?
Alfa Romeo Giulietta – que caso paradigmático! Basta falar em Alfa Romeo e o semblante fica logo tenso enquanto procuramos de imediato a pedaleira em baixo e a mão direita procura o local onde deveria estar o stick das mudanças. Ou seja, loucura na estrada e um sorriso no rosto enquanto descortinamos o próximo horizonte ao volante de um carro cheio de espírito. Mas será que deveria sequer mencionar este carro nesta crónica que também integra racionalidade? Sim, ma certamente mio amico. Hoje em dia, essa circunstância de haver carros maus e carros bons ficou praticamente esbatida.
Ainda numa conversa tida com o Pedro há uns dias atrás reflectia isso mesmo. Hoje em dia, não podemos dizer que existam carros verdadeiramente maus para compra nos nossos stands. Espera, não o tomes desta forma literal porque não o é. Claro que existem carros que podem melhorar e muito, mas cuidado com o segmento onde estão inseridos. Não podemos comprar um Kia Picanto com um Opel Insignia. Claro que viaturas (odeio esta palavra, mas vem a calhar) de um segmento de 10.000€ não podem ser tão boas como automóveis de 30 ou 40.000€, mas dentro do valor ou segmento não estão mal de todo.
Mas voltemos ao tema do Alfa Romeo Giulietta. Que posso dizer? O carro é tão vivaço como o ADN da marca que o constrói, mas no entanto também foi bastante pensado para ser um carro que perdure mais no tempo que os seus irmãos mais antigos, assim como está apetrechado de grandes medidas de segurança que o tornam num carro tão bom como qualquer outro que racionalmente se pense para levar os membros da família.
Portanto, quem disse que não se pode ter gozo enquanto tem a segurança que racionalmente terá feito a compra mais acertada? Agora, o que as marcas terão que apelar para se diferenciar das restantes será por se chegarem a estes dois pontos do seu cérebro de forma igualmente satisfatória: o Colin McRae e o Eládio Clímaco que existe em cada um de nós. Ambos são necessários e queridos.