Este foi o ensaio mais enigmático que efectuei até hoje a um Fiat Punto Evo. Explico porquê: Sou até um fã da forma como a Fiat conseguiu em meia dúzia de anos dar a volta por cima de uma situação calamitosa com as suas vendas, para passar de negativo e passivo de vários milhões a uma situação de compradora.
Inclusive admiro a forma como mantendo um foco em economia e de utilidade dos seus carros, ainda consegue transmitir design e funcionalidade q.b. aos seus modelos desde o mais básico ao mais evoluído.
Por outro lado, tenho a experiência bastante alargada de conduzir um modelo que nunca iria colocar em comparativo com um Fiat Punto até porque pensava que estariam em ligas diferentes. Estou a falar de um Hyundai Getz. Mas o que é certo é que tanto eu como a minha esposa, conduzimos este Punto e estávamos constantemente a fazer analogias ou comparativos face ao modelo que conhecemos bem, em detrimento deste Punto cheio de tecnologia.
Mas eu explico melhor e não tomes já como resumo do ensaio que o Fiat Punto tenha ficado a perder porque… não ficou como é óbvio. Mas que foi renhido, foi.
CHEIO DE EQUIPAMENTO
Para um modelo base e de entrada de gama, seria de calcular que fosse parco em equipamento de série. Aliás, tem falta de algumas comodidades que me pareceram meio ridículas, tal como faltar espelhos de cortesia nas palas e não ter apoios superiores para as pessoas se segurarem, mas por outro lado tem ao nível de software e restantes equipamentos algo que compensa e de que maneira, essa situação, pelo menos na versão ensaiada.
Senão, vejamos em detalhe: contabilizei pelo menos dois airbags de série para condutor e passageiro, sendo que o do passageiro tem ainda a opção de o desactivar caso queira levar uma cadeirinha de bebé na parte dianteira, computador de bordo bastante completo, com opções como duas modalidades de viagem (viagem1 e viagem2) caso se queira fazer cálculos mais precisos para uma determinada viagem, ar-condicionado manual, tomada de corrente 12V, apoios de cabeça traseiros, roda sobresselente de dimensão normal, telecomando de abertura/fecho de portas, volante regulável em altura e profundidade, assim como com botões de controlo de volume e de estação de rádio no mesmo volante e espelhos retrovisores eléctricos.
Devo dizer que a qualidade do material também me deixou agradavelmente surpreendido para um modelo destas características. Tudo muito bem pensado e alinhado no painel de instrumentos bastante simples de manusear seja qual for a situação e intuitivo. Devo dizer igualmente que a direcção assistida está muito bem conseguida e foi alvo de elogios por parte das mulheres que experimentaram este modelo pois torna-se extremamente fácil de dirigir apenas com uma mão se tal for necessário e com precisão assinalável.
Outro ponto fortíssimo que temos que relevar é o sistema de travagem com ABS que simplesmente é um ponto máximo deste Punto, face a outros modelos de outras marcas já testados. É algo agressivo na travagem, mas afinal, com alguma habituação até que conseguimos acalmar os seus ímpetos e ter uma travagem mais suave. Mas deve-se realçar que trava que é uma beleza. Não há perigo mesmo em piso molhado para ter uma paragem mais segura.
CONDUÇÃO CALMA, MAS EFICAZ
Aqui reside o ponto talvez mais desfavorável deste modelo que experimentei. Isto porque num carro italiano estou sempre à espera de algumas emoções fortes, mesmo em modelos de entrada de gama, mas devo dizer que neste Punto não se pode esperar algo mais que uma condução calma e pacata onde temos sempre que fazer algum “ponto de embraiagem” mais esforçado para levar as mais de 1.2 toneladas a arrancar de um ponto estático. Aliás, o motor é o inimigo número um deste modelo, porque é como se costuma dizer nestes casos em que o barato sai caro. Recomendo vivamente que quem queira comprar um Fiat Punto Evo que escolha o motor acima do testado dado que o 1.2 8V é por demais pequeno para tornar a condução mais eficiente, inclusive em termos de consumo, dado que mesmo em auto-estrada se quiseres manter uma velocidade de 110km/h ou mesmo arriscar andar nos 120 km/h aposta começar a consumir uma média de 6.8 l/100km ou mesmo 7.1 l/100km em subida.
As recuperações também são muito muito lentas, portanto cuidado com ultrapassagens e dá bastante espaço para dar embalo ao Punto antes de tentares passar qualquer carro que vai mais lento na tua faixa de rodagem, por motivos de segurança.
No entanto, continuo a reforçar que em cidade, tem uma condução bastante apurada e fácil apesar de no arranque teres que dar-lhe um pouco mais de gasolina para não ficares a atrapalhar os restantes condutores. Nesta versão também não tem incluída a económica opção de Start&Stop que vem melhorar os consumos o que ajudaria a cair melhor na nossa consideração.
ESPAÇO E ARRUMAÇÕES MAIS QUE RAZOÁVEIS
Este é um dos muitos pontos fortes deste Punto, pois conseguimos colocar tanto cadeiras de bebé, como pessoas mais altas nos bancos de trás, porque tem bastante espaço para todos. Verdadeiros lugares para 3 pessoas na traseira e espaços de arrumação muito interessantes. O porta-luvas é dos maiores e mais fáceis de utilizar que encontrei até em automóveis de gama mais alta e está cheio de pequenos recantos onde deixar algo que nos seja necessário.
A bagageira também é bastante ampla e permite mesmo colocar um malão de viagem sem problema.
DESIGN CONSENSUAL E APELATIVO
O Fiat Punto Evo é um automóvel italiano. Em toda a sua acepção da palavra. Ou seja, o design é bastante consensual e parece agradar a quase todos, o que ajuda bastante à sua proliferação. Tem bons pormenores e inclusive o design do volante está muito bem conseguido e facilita imenso a sua condução.
Aliás, com um pequeno investimento nos acessórios e fica logo com um ar mais interessante e jovial para se demarcar dos restantes da praça automóvel.
A consola central está muito bem conseguida, conforme já tinha dito é muito intuitiva, assim como o painel de visualização do condutor que de uma forma clara dá a noção do que se passa.
Em resumo, é um bom carro para o preço pelo qual é vendido no mercado, mas considera a nossa sugestão e compre o motor acima, por exemplo, o 1.4 16v com 105 CV que com certeza terá outra performance que esta versão ensaiada.
Versão Ensaiada:
Motor: 1.2 8v 65 CV
Cilindrada: 1242
Binário: 102 Nm
Caixa: Caixa Manual
Emissões CO2: 135 g/km
Nível Ecológico: E4
Nível de Equipamento: Active
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Pois… motores 1.2 8v são muito apelativos no momento da compra, mas normalmente revelam-se inadequados em estrada e caros na bomba. Mais vale um motor um pouco superior… não vai gastar mais, e sempre se tem a potência extra para quando é preciso.